quinta-feira, maio 29, 2003  

Cuidado !

Chuva de bigorna!

Já fui acertado por meia dúzia, de antes de ontem até o presente momento. Não sei até agora se é só comigo, mas tenho certeza que não será.

Afundam-se no asfalto enquanto meu carro passa, estouram tetos frágeis, rebentam cabeças mal resolvidas.

Aos companheiros, recomendo distancia da minha pessoa, uma vez que o alvo principal (talvez só aparentemente, talvez por puro egocentrismo) parece ser aquele que vos fala.

No espelho me deparo com a palavra ACME gravada em baixo relevo na minha testa e bochechas.

Estranho mesmo é não doer, só incomodar um pouco – como uma cabeça achatada por um bloco muito pesado deve incomodar.

Nada parecido com ter sua espessura comprimida a de uma folha de papel no asfalto, bem mais leve que isso – afinal de contas, se o caso fosse esse, seria necessário alguém com uma bomba d’ar pra me recuperar – e a última coisa que preciso agora é depender de alguém pra me inflar.

E deitado sobre o meu ceticismo / agnosticismo, paradoxalmente brado com todas as minhas forças:

EU ACREDITO NA CONDENSAçÃO DO VAPOR DE FERRO E AçO !!!

Pedro Meyer | 6:10 PM
 

TERTULIA FLACCIDUS AD BOVINUS ADORMENTARE

"Mulheres são falsas, cheias de sortilégio..."

Zangado, em Branca de Neve e os Sete Anões

Pedro Meyer | 1:47 PM


quarta-feira, maio 21, 2003  

Pedro Meyer | 11:52 AM


segunda-feira, maio 19, 2003  

Da Solteiridade
(por que diferente das choses pas dit, post ruim pode ser o que não é escrito)


Minha espirituosidade parece ser ligeiramente incompatível com a minha solteiridade. Potencialmente no que diz respeito a convívio social, ao contrário do que se refere ao “fazer cotidiano”.

Não tem mais cotidiano.

Mentira !

Tem, mas com peças desconexas de um quebra-cabeça impossível de ser resolvido.

Não se sabe onde encaixar as figuras e cada paranóia é alimentada muito mais do que antes – afinal de contas, os alvos são diversificados.

A cobrança do outro desaparece ( relativamente, claro ) mas por outro lado fica-se muito mais exigente “consigo mesmo”.

Exemplo claro disso é o que tem acontecido com as minhas cagadas. Stricto senso.

O problema antes era lugar comum. Cagar em lugar comum. Assim como quase todos, só conseguia deixar o cilindro-cônico descansar em águas caseiras. Sem ter que limpar a tampa antes ou cobrí-la com pedacinhos de papel lixa, sem usar o mesmo papel lixa, sem deixar meu reto dar pequenos goles em gotas d’aguas não confiáveis (mesmo com o macete do papel-aparador de impacto).

Agora a lógica parece estar invertida. Tenho vontade de sentar em várias privadas desconhecidas ou simplesmente não-confiáveis. E sento. Assim já cortei prego em lugares como Eddies, Mac Do’ às duas da manhã, na Up e até na Puc. Na Puc, quase todo dia.

Na Puc onde eu me deslocava para um prédio vazio onde eu pudesse ter paz – agora o trono pode ser aquele no qual posso chegar com o menor número de passos.

Terceiros que antes só podiam deduzir a partir da minha entrada em um prédio abandonado – agora testemunham o entrar e o sair quinze minutos mais tarde e a cara de satisfação e talvez até o barulho da descarga que carrega meus excrementos pra bem longe de nós. E talvez o cheiro, piorado pela quantidade de cerveja e comida lama que acompanha períodos de solteiridade.

E eu não tento fazer cara de “não-caguei”. E não ligo se o fulando ou o ciclano verem meus pezinhos e as calças no tornozelo ou escutarem estrondos anais.

Ligo só pro papel. Eu não. Elas. Elas, minhas queridas hemorróidas. Minha sabedoria. Minhas Sentinelas. Escuto seu suplício diário – sem compaixão.

Não sou esclarecido o suficiente para carregar em minha mochila um rolo de papel higiênico macio duas folhas e com florzinhas em alto relevo e tons pastéis. Admiro os que o fazem.

Essa é a mudança mais clara que a solteiridade me apresenta. E eu tento lidar com as mudanças. Sem carregar papel higiênico na mochila ou camisinhas no bolso ou cheques na carteira para uma eventual necessidade/oportunidade de pagar um motel ou uma cartela perdida por estar bêbado demais para achá-la.

Aprende-se a conviver com a própria esquisitisse em dados contextos. Com quatro anos o contexto estava mais do que claro e eu conseguia, muito bem por sinal, o fazer.

No contexto solteirístico das relações complexas, da compleição, da perdição, da multilateralidade, me rendo aos toques subjetivos do imaginário coletivo.

Agora a Fleur de la peau, a esquisitisse me constrange mais uma vez. Mais do que nunca.



Pedro Meyer | 2:10 PM
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