quinta-feira, fevereiro 27, 2003  



O querido Rumsfeld, como enviado especial do "We did not -- repeat -- did not trade weapons or anything else for hostages -- nor will we" e o homem da bigôda de ouro. Em dezembro de 1983.

Pedro Meyer | 12:13 PM


quarta-feira, fevereiro 26, 2003  

O sol das cinco horas ainda esboçava arranhões na minha moleira. Subia a passos apertados e pesados o caminho que me levaria ao carro e pra fora daquele inferno acadêmico. Perdido dentro da minha pasta, eu procurava o passaporte - chaves e cartãozinho do estacionamento. Estava concentradíssimo na tarefa, misturando a técnica feminina do tatear com movimentos rudes e bruscos dignos de qualquer golias. Vultos ao meu redor, uma nuvem de balbúrdia entre-turnos. Sou acordado por uma voz próxima que transformaria um grande vulto em três pessoas:

- Ele é o porteiro MAIS GOSTOSO que eu JÁ VI !!!

A primeira imagem que me veio a cabeça foi de fisioterapeutas ruivas ninfomaníacas de mãos dadas. A segunda - alternativas pró-cotas com camisetas do Martin Luther King. A terceira hippongas de boutique com síndrome de serviço social. A quarta não chegou a ser, virei meu rosto para trás.

Eram três "empregadinhas", assanhadas, que também viraram seus rostos. Nenhuma surpresa, nada seria mais evidente que aquilo.

Desinteressante, nem um pouco curioso, muito menos engraçado.

Escroto, mas sensato.

Pedro Meyer | 12:39 AM


segunda-feira, fevereiro 24, 2003  

Dentro do carro, noite de Domingo:

A esquina carrega karma grotesco: nela o promotor foi morto de morte matada. Murtinho. Joaquim Murtinho com Prudente de Moraes. Descendo a tal rua, preparando para virar à esquerda: centro-bairro. Paciente, aguardava o sinal mudar de cor assim como aqueles carrinhos com água quente e fria - fator tempo ao invés de água temperada. Mas o maldito me guardara uma surpresinha. Ele tempo sempre tem uma nas mangas.

Um carro importado para ao meu lado. Alinhado – a divisão das janelas do carro no meio exato da minha janela direita. Automaticamente eu e minha namorada nos viramos em tal direção. As duas janelas que posso ver, insulfilmadas, descem na velocidade que janelas elétricas de carros importados devem descer. No princípio da descida eu podia ver uma fumaça rala saindo da breve fresta no contra-luz do interior. Décimos de segundo depois não mais.

No final do caminho que a janela fez, revelam-se quatro rostos. Dois mais próximos, dois mais distantes. O motorista com entradas e cabelos negros, lisos. Barba feita. Podia sentir seu perfume caro e ver as curvas acentuadas que seus braços e ombros desenhavam na camiseta – fortíssimo, cobria bastante espaço no campo de vista que sua janela me permitia. O espaço que sobrava era devidamente preenchido por um rosto. Um rosto magro. Traços faciais bem definidos e um cavanhaque que emoldurava a boca perfeitamente. Na janela traseira, o rosto que parecia derreter pra fora escorrendo pela porta era gordo e brutal. No entanto, as gotículas de suor que refletiam a luz dos postes denotavam fragilidade crescente. A papada e as orelhas e a sombrancelha dançavam pelo rosto do sujeito completamente desprovidas de harmonia e/ou simetria. Devidamente encostado no seu assento como se estivesse enraizado, evitou, ao contrário dos outros, inclinar-se com tom curioso em direção a minha janela, a minha entrada, ao meu calcanhar, a minha vulnerabilidade. Ele não precisava daquilo. O tamanho dele transformava meus olhos em grandes angulares e colocava seu nariz rosado e salpicado de cravos quase dentro do meu espaço. O misterioso quarto homem, ao lado da bolha bruta, inclinava-se sim, mas conseguia deixar somente seus olhos morenos aparecerem entre algumas mechas de cabelos loiros molhados num contraste perturbante . Os olhos brilhavam tanto que ofuscavam suas próprias pálpebras e uma certa borda da cabeça do roliço. Criaram uma cena com a profundidade perfeita, me fazendo por momentos esquecer que algo estava ou estaria errado - olhavam fixamente para a Laura, e respingavam os olhares em mim esporadicamente.

(...continua...)

Pedro Meyer | 1:08 PM


sábado, fevereiro 22, 2003  

Um rápido presente aos "leitores".

Chopp xingu, DI GRÁTIS.

Não se deixe enganar pelo "válido somente em São Paulo" e preencha o cadastro e receba em casa os vales e finalmente troque-os em algum parceiro da promoção.

Eu recomendo Ed.



Pedro Meyer | 4:22 AM


sexta-feira, fevereiro 21, 2003  

O último gole da coca-cola é sagrado - no copo, na lata ou na garrafinha. É o meu terreiro, minha liturgia. Mas isso não importa, o que importa é que não gosto nem um pouco de dar tragos do meu cigarro, muito menos deixar alguém terminá-lo. Gosto de dissertá-los. Acende-lo, fumar toda a extensão do bastonete e apagá-lo. Só isso. Faço questão.

Claro que vez ou outra deixo passar. Vez ou outra, para insensíveis persistentes que tendo total conhecimento da minha condição ousam pedir-me. Sublinho que me rendo pela ousadia e persistência, e não pela insensibilidade.

Paris, na Republique. Eu e Ganso e outros que não vêm ao caso. O Ganso sabia muito bem da minha condição e como verdadeiro artista paranóide deveria respeitá-la. Mas não, depois de algumas várias doses de elk-a-hole ao longo do dia, ele parece, por um breve momento, ter esquecido:

- Pedro, me dá um trago desse seu cigarro aí...

- Nem fudendo Ganso...

- Ahh...vai se fuder !!! Você e sua paranóiazinha com aids !!!


E hoje, mais de um ano depois, descubro que não era só nonsense de bêbado. Eram as paranóias dele, dando a luz a supostas paranóias subliminares minhas, que alimentavam a própria mãe superparanóia - a mesma que pariu e criou as subparanóias alheias.

Pedro Meyer | 5:14 AM


quarta-feira, fevereiro 19, 2003  

As Tranças do Rei Alberto

A princesa estava decepcionada com as tranças do seu pai alberto. Todas as autoridades do reino achavão "esquisito para chuchu" as tranças de seu rei. As tranças eram loiras, e o cabelo era grisalho.

Como a princesa tinha muita teimosia, à noite, com delicadeza, ela cortou as tranças de seu pai. Quando o rei Alberto acordou, umas mulheres más, contaram para ele o que aconteceu. Ele ficou mais irado do que já era. De repente ele gritou:

- Você irá morar durante um mês em um casebre !

Já pensou que esquisito uma princesa morando em um casebre ?

--//--

PAC-MAN !

Um dia desses sonhei que meu pai era canibal e comeu minha mãe.

De repente, sem que eu esperace, abri a geladeira e lá haviam sacos escritos: - Pernas da Joaquinha, braços da Manuela, cabeça da Andréia, nádegas da Godolfreda.

O mais engraçado foi que o meu pai enrolou um osso no cabelo, pos cinco brincos em cada orelha e um monte de folhagem no seu...seu...Você já sabe!

Apesar de todo o meu esforço não consegui escapar de meu pai e deichar ele comer meu dedinho.

Finalmente após várias tentativas consegui virar canibal e comer minha prima.

Espero nunca mais sonhar com isto.

--//--


As estorinhas acima são de um caderno chamado "Minhas Histórias". Reproduzido aqui e preservando todos e quaisquer erros, foram escritas pelo querido Pedro, aos 10 anos de idade. Dedicado para "uma grande amiga", chamada Taís, minha paixãozinha não correspondida da época ( hoje em dia, dizem as más línguas, a ex-minina curte sexo misturado com sucessivos murros na cara ), o brochurão ainda conta com biografia do autor e outras 13 estorinhas não menos interessantes.

Os manuscritos, assim como as ilustrações que acompanham cada texto, são muito mais interessantes - Mas isso e a filmagem do fenomenal cagalhão de meio metro do meu irmão, só vindo aqui para ver.

Pedro Meyer | 2:48 AM


terça-feira, fevereiro 18, 2003  

Qualquer possibilidade de me dar bem em uma provável futura roleta-russa escorreu pelo ralo - seis carros parados, enfileirados, sendo que o terceiro era o meu. Os crooks de plantão na noite de uma segunda-feira arrombaram o quinteto companheiro do meu negrinho e o deixaram em paz. O flanelinha (com "NEGRO" desenhado em letras grandes no seu cabelo araminho) discutia com a senhorita indignada, que mandava-o à merda e se fuder a cada três repiques de artigos:

- ô gáta, manda êu pá mérda i mi fúdê não...já cúmpri dois 121 e tô na rúa di nôvu pá honestidade, morô...cê pó fragá que meu quarterão tá limpu...

e a madame, num lapso de espirituosidade e tentando ser malaca:

- aí ó...dois 121 é 242, e 242 de cú é rola !

E os carros, exceto o meu, estavam também, todos, limpos.



Pedro Meyer | 2:18 AM


segunda-feira, fevereiro 17, 2003  

Com medo das ruas molhadas, das pessoas cruéis e da mediocridade latente nos blá-blá-blás ambientes - o proprietário dessa birosca tenta ficar em casa.

Mas sábado, só, vai tomar uma cerveja no bar-mini-boite do turco amigo. Braços apoiados no balcão, trocando palavras com o otomano. Frequentemente o amigo teria que se desviar para cumprir seus deveres de sócio - e eram esses momentos que abrigavam o perigo. Em uma dessas, a mulher do dj, já conhecida, se aproxima para saudar:

- oi fofo.

- oi.

- tudo bem ?

- indo...

- onde está a sua fofa ?

- quem ?

- sua fofa ?

- ah...em casa.

- porra !

- hã ?

- porra !!!

- oi ??

- oi...tudo bem ?

- indo.

- porra !!!

- que ?

- PORRA !

- ah...é. porra...

- o que voce acha do som que meu marido toca ?

- de verdade ?

- sempre...

- uma merda.

- porra !

- o som ?

- não.. o som é uma conjuntura.

- uma conjuntura de merda....

- é. meu pai morreu muito cedo.

- o que ?

- meu pai...

- o que tem ele ?

- morreu muito cedo.

- ah... que pena.

- porra !

- é... porra.

- ele era brilhante, sabe ?! onipotente....

- sei...

- meu cú !

- que ?

- meu cú !!!

- seu cú ?

- é !!!

- o que tem ele ?

- pra todo mundo aqui !!!

- é...

- porra ! meu cú !!!

- seu cú !!!

- isso. porra !


Já no cú dela, o interessante diálogo foi interrompido por um camarada, aparentemente realmente gay, comprimentando-a ao envolve-la em um beijo-briga-de-hipopótamo. Não era o marido dela que, ao contrário do amigo, é realmente gay mas não aparentemente. Me afastei o tanto que o balcão me permitia sem descolar meu estômago, tentando enquadrar a cena no perímetro esquerdo e deixando espaço para coadjuvantes nos quadrantes centro/direito. Depois do curioso beijo um outro aparente-real surge do tal quadrante lateral direito, passa pelo central, chega ao perímetro esquerdo e ocupa a recente liberada boca da moçoila com outro beijo, do mesmo naipe.

Tentei me afastar mais, mas tinha uma parede - larga e preta. Pedi mais uma cerveja e tentei me concentrar nela.

Depois chegou o tal marido quem não importa compartilhar. E depois por ali passaram também outros e outras que hipo-brigaram com a moça do cú.
Algum tempo, depois de novo, o marido e a mulher estavam a sós quando se aproximaram:

- Porra marido, a gente tem que ensinar o sentido da vida pro pedro...né pedro ?

- não, obrigado. eu já vi esse monty python...

- porra!!!


o marido:

- mas o sentido não é esse. é aquele peito gigante perseguindo o woody allen...

eu:

- pode ser...

a mulher:

- PORRA !

Pedro Meyer | 4:05 AM
 



Groucho: Don't point that beard at me, it might go off!

Pedro Meyer | 3:14 AM


domingo, fevereiro 16, 2003  

Abrir a janela de posts do blogger sem saber o que escrever: isso é sensatez.

Dar a benção e um abraço caridoso aos que habitam a coluna direita deste, com admiração e carinho é, também, pois, e tudo mais, sensatez.

E o meu herói, não aguentar a pressão da reunião das nações contra a produção do tabaco e a leitura dos todo repetitivos e inúmeros documentos recheados de parágrafos e redundâncias, e enquanto devora tais burocrátias fumar um charutinho que há tanto não tocava, ...isso É sensatez.

Insensatez ?

re-afirmar, mesmo que incerto, sobre peirce, que "uma proposição particular simples, tal como 'algo é branco', uma vez quer dizer "Algo é não-existente" é um absurdo, e não deveria ser considerado como uma proposição em geral."

favas meus queridos, aos grilinhos contemporâneos e batatas aos sapinhos aristocrátas e a toda aquela balela hierárquica sobre o reino discoveryano dos animais.

numa época onde figura de linguagem de cú é rola não por ser, mas por simples irrevência da cômica hospitalidade da época - o melhor é ser sensato.

Pedro Meyer | 5:02 AM


sexta-feira, fevereiro 14, 2003  

"quando vir um banheiro, use-o, independente de sua vontade - nunca se sabe onde encontrarás um outro"*

Com a felicidade é o mesmo esquema. Mas esta é tão sutil e efêmera que na maioria das vezes passa desapercebida.

*Príncipe Philip, Duque de Edinburgh.

Pedro Meyer | 2:39 PM


quinta-feira, fevereiro 13, 2003  

Éramos 4. Eu, André Soturno, Tomé-Tumé e Matheusinho Melecão. Estávamos na quinta-série do colégio pitágoras quando começamos nossa gangue - Cambada Unida Roubando Por Prazer ( mais conhecida como C.U.R.P.P). Os quatro apóstolos da rapinagem sempre prontos para um pouco de ação. Alex, o pivete de meia-tigela aspirava um lugar ao nosso lado mas não tinha nome de apóstolo e era gordo. Começamos com os clássicos baleiros. Com o tempo expandimos para alvos grandes, nas proximidades - papelarias, padarias, lojinhas de badulaques, super-mercados e qualquer venda no caminho com objetos relativamente portáteis.

Encontrávamos na entrada da escola, todos devidamente equipados. Mangas mágicas eram camisetas de manga comprida por baixo do uniforme, usadas para dentro da calça, criando uma espécie de bolsa suscetível de recheio (pelas mangas ou, aos mais ousados, pela gola). Reforço era a calça vestida debaixo do uniforme, adicionando bolsos ocultos e reforçando o elástico, transformando-o em um eficaz sustentáculo de objetos. Cinta era uma meia com os pés cortados colocadas de modo que cingisse a coxa - usada pelos adeptos da bermuda, segurava o furto-fruto contra a parte interna da coxa do larápio.

As atividades eram realizadas durante os horários de pico das lojas, antes e depois da aula. Com o tempo a experiência dos quatro gatunos aumentou geométricamente e, inversamente proporcional à ela, o risco abaixou. As doses de adrenalina eram moderadas demais e não poderiam continuar daquele jeito. Começamos a matar a primeira aula e evitar assim horários de pico. A tolerância do corpo ao hormônio crescia e mais tarde nos levaria ao desenlace.

Era o início de uma tarde, no meio da semana. Decidimos matar a aula inteira - roubaríamos as maiores lojas da Prudente. O pivete de meia-tigela insistiu para poder nos acompanhar mas foi rapidamente rejeitado. A Ida seria para um lado da rua, a volta para o outro. Iríamos então ao meu prédio (que tinha um muro em comum com o colégio) dividir os lucros e esperar a hora da saída. Tudo correu bem até um quarteirão antes do pitágoras. Cada membro da gangue, eu excluso, reconheceu o carro de seus pais parados alí, no meio da tarde. Finalmente, a adrenalina comia nossas cabeças e projetos de corpo. A paranóia abraçava os pequenos junto ao seu suor e não nos deixava mexer. Consegui escapar daqueles braços - provavelmente pois o carro da minha mãe não estava lá (na verdade ela não tinha carro, mas talvez a ausência de uma manisfestação simbólica da presença dela significasse menos medo). Com psico-obstáculos mais amenos que os outros, consegui pensar em um plano: esperaríamos até minutos antes da hora da saída no meu prédio, quando pularíamos o muro para o pitágoras e fingiríamos que estavamos escondidos durante todo o tempo - a acusação seria somente por assassinato (bem menos grave que formação de quadrilha e furto).

Fomos pegos quando passávamos correndo pela rua de trás. O pai bêbado do Tumé estava de tocaia. Fudeu. Eles sabiam de tudo.
Confiscaram nossos tão batalhados objetos e levaram-nos loja por loja para devolvê-los, fizeram-nos limpar com àgua sanitária toda pichação da sigla da gangue ( espalhada por todo o colégio ) e ainda o castigo específico de cada pai, variável de acordo com o conservadorismo destes.

No final do sofrimento, a honra só seria salva com a descoberta da identidade do alcaguete. Depois de não muito tempo concluímos que só havia uma possibilidade: o aspirante Alex, numa admirável atitude de malevolência. Tinhamos nossa honra de volta e um quinto possível membro, que não só era bom o suficiente para nos acompanhar, como tinha nome de apóstolo.

Pedro Meyer | 4:51 AM


terça-feira, fevereiro 11, 2003  

Goethe dizia que a vida é como um pêndulo, que oscila entre o tédio e a tristeza.
Em homenagem aos queridos e pálidos "amigos" sempre dispostos a nos aliviar, uma natureza-morta. Eles mesmos, fechados e escondidos, esperando para serem deliciados. Digital tosca, boas cores. No mesmo lugar de sempre.

Pedro Meyer | 2:30 AM
 

"I find television very educating. Every time somebody turns on the set, I go into the other room and read a book. "
(Groucho Marx, mais uma vez...)


A rede lôdo exibia Jôcoso mal deixando o "entrevistado" falar nenhuma das dezenas de língua que dominava enquanto só fazia retrucar incessantemente. O "diálogo" estava mais ou menos assim:

- pois então, eu falo seis línguas fluente...mas em qual língua você pensa ?

- eu acredito que...


interrompe
- seis línguas, penso em português. sou totalmente fluente! mas voce estava falando ???

- então, eu...


interrompe mais uma vez
- estudei em francês, hoje falo fluente, assim como as outras cinco !

- é...mas cada...


de novo (era minha paciência inesgotável ?)
- seis ! seis línguas fluente ! falo inglês e francês melhor que português !!!


O esquema estendeu-se por mais algum insuportável tempo, até quando o camarada calou a boca e o péssimo anfitrião do programa decidiu, enfim, parar de vangloriar-se.

O mais curioso é que vi o pseudo se transformar em uma bizarra mistura:

Ele era os olhares do Garotinho para o povo durante os debates "devidamente" combinados com o personagem de Dustin Hoffman em Rain Man - mais tarde, com uma pitada de insegurança digna de qualquer adolescente que se preze.



Pedro Meyer | 2:15 AM


domingo, fevereiro 09, 2003  

Pés são deveras curiosos. Qualquer pé é, assim como qualquer par de orelhas, uma extremidade que resguarda um número grotesco de variáveis estéticas.

Essas variáveis ora são negligenciadas, ora superestimadas. Um pé feio ou bonito é rapidamente percebido (se se deixa perceber), mas as variáveis na maioria das vezes são esquecidas e a harmonia ou desarmonia destas impera na consequente adjetivação dos mesmos. Ao contrário das orelhas, podem se encaixar em uma classificação "maniqueísta" - não deveriam, mas podem.

Eu rogo pelo desenvolvimento de uma noção qualitativa mais detalhista e menos generalizadora em relação ao nosso elo com o solo. Que não se esqueçam de dedões peludos, de unhas rachadas, de dedos separados ou juntos, de dedos pequenos e grandes e tortos e assimétricos. Que o volume do peito-do-pé, a saliência das veias, a aspereza do calcanhar e o quão pontiagudo são os conectivos tornozelos soem como admiráveis características. Que dedinhos que se inclinam para fora não sejam ignorados em qualquer julgamento, mesmo que vil, do conjunto. Que a importância dada ao tamanho das unhas seja suprimida pela ondulação destas, pela tonalidade do semi-círculo que brota próximo à cutícula. Que o caráter subjetivo de micoses e frieiras desapareça no horizonte enquanto conotações são abandonadas em prol de denotações. Que o desvencilhamento de um sapato pesado ao fim do dia (e como pesam quando o sol desce...) seja um prelúdio para um momento de sensatez aliada ao auto- conhecimento.

Que não mais ousemos julgar os nossos pés ou os do próximo "como um todo", mas atenhamo-nos ao sentido explícito e lacônico com o qual cada uma dessas e outras inúmeras variáveis nos presenteiam.

Pedro Meyer | 8:01 PM


sábado, fevereiro 08, 2003  

A conclusão é antiga:

Só ajudamos aos outros quando como desdobramento teremos ajuda para nós mesmos.

E cabem em "os outros" todos - familiares, amigos, conhecidos, amantes, anônimos, etc.

Na maior parte das vezes é "inconscientemente para a consciência" (meta- ?). Seja consciência cartesiana ou nietzschiana, continua muito simples e triste.

Quando a moeda escorrega pelos nossos dedos se alojando entre gotículas de suor e partículas de sujeira na palma do mendicante e sumindo no fechar da mão do sujeito é exatamente a mesma coisa que alguns contos depositados no porquinho da fase subjetiva que é a consciência.

Assim funcionamos, completamente individualistas, doando roupas velhas para a nossa cabecinha vestir, fazendo favores a nós mesmos intermediados por segundos (ou terceiros), ligando para o criança esperança e deixando a mensagem de agradecimento nos lembrar o quanto somos bonzinhos, adotando um filho tadinho abandonado pelos pais e esquecendo-nos dos problemas de fertilidade ou coisas do gênero, ajudando papai e mamãe e vovô e vovó pra manter o crédito aberto, amando loucamente e cobrando doses, antídotos e ampolas de "erot(o)-ensandecência".

Quanto a grandes samaritanos, o que posso dizer é que não tinham um porquinho rosa, mas sim um Fort-Knox nos seus sisteminhas cogno-psicológicos.

Pedro Meyer | 6:27 AM


sexta-feira, fevereiro 07, 2003  

Para os que abandonam o mundo bloguiano, nenhuma palavra a mais.
Aos que ficam, repito a citação utilizada para a perda do fragmentista, em um contexto não-ad hoc:

The Spice Must Flow !

Prefiro comentar o quanto Harpo Marx parece com Thom York:

- Lembra MUITO...

Pedro Meyer | 2:07 AM


quinta-feira, fevereiro 06, 2003  

Em relação aos planos que eu tinha para as férias que acabaram de caminhar rua abaixo acenando tranquilamente sob a luz restante do sol poente - duas possibilidades, ou justificativas, para passear nas gringas.

A primeira seria conseguir uma assistência com algum fotógrafo publicitário em Parrí. Assim me deslocaria para a "Cidade Kebab" - experiência profissional na área que desejo, e a companhia de ninguém mais ninguém menos que o trio pedreira: Ganso, Foucault e Bud Revell.
A segunda opção malheureusement era genevoise, ficar lá janeiro trabalhando na Anistia. Aquele papo de direitos essenciais durante toda a jornada do trabalhador escravo.

Pá-rrice furou pois não consegui a tal assistência. Assim sendo, não teria legitimidade e muito menos dinheiro pra uma estadia mesmo que econômica na cidade das luzes. Se você não tem dinheiro pra comprar nem um Bordeaux tosco as lâmpadas queimam. Desfrutar o desdobrar dos tempos acompanhado de mendigos é curioso, mas estourei minha cota há 3 anos atrás (e mais uma vez o fermentado seria essencial).

Quanto à cidade multilateral - mais um janeiro lendo relatório sobre o estuprador assassino que pegou aids e agora processa a família não cola. Dilemazinhos identitários do tipo "who's the fucking victim here afterall" e éticos e ônticos sobre esses esquemas povoam minha cabeça muito fácil. Se ainda tivesse um happy hour agradável e companhias como Bud e Goose pra amenizar ainda ia, mas sujeitinhos que foram engolidos pelas próprias bocas e mesmo estrangeiros que se renderam ao maldito jeitinho dos alpes eu tô longe. Aliás, milhares de quilômetros.

Fiquei. Mas todo dia alguém na faculdade tem que perguntar para que país eu fui nessas férias. Qual é o problema ? É pra demonstrar interesse, pra tentar sugar uma pontinha de vivência alheia ou é só pra render assunto ? Como acredito serem principalmente causas diretas o interesse e o assunto, optei por:

- E aí Pedro, para que país você foi nessas férias ???

-...Miamar.

- ahh....onde fica ?

- Entre a Tailândia, Bangladesh e China.

- Nossa !!! Que legal !

- pois é...


Não porque é um dos (para não dizer "o") maiores fabricantes de ópio ou porque faz parte do famoso triângulo da papoula ou porque a maior parte da grana do estado vem das fábricas de chicletes americano. Miamar é "legal" por causa dos vizinhos.

"Cazaquistão ? Onde ? - Entre a China e a Rússia ! - Uau !" e variáveis.

Pedro Meyer | 4:55 AM


terça-feira, fevereiro 04, 2003  

Para o meu amigo Alessandro Alvarenga, a bizarrice de um qasi-xará:

"A família seguia de carro quando Alexandre Alvarenga bateu contra outro veículo. Em seguida, ele pegou seu filho de um ano no colo, correu por dois quarteirões e o atirou contra o pará-brisa de um veículo Blazer. Depois, foi ao encontro da esposa, que batia a cabeça da filha (de seis anos) contra uma árvore."

Agressive Raising - Teach them how cruel life and people can be.

Pedro Meyer | 6:04 PM
 

começar o semestre com rajada é complicado.

"o professor !? é uma BICHA !!!"

olho pra trás, e lá está ele, a uns 3 metros. Evitei os olhos.
mais tarde descobri que ele é surdo - pediu aos alunos que falassem olhando para ele. Sem berrar.

Pode ser uma vantagem. O problema foi que reparei o aparelho auditivo. Parecia uma versão mais moderna do "Sonic 2000" do (011) 1406. Bem provável, uma vez que estudou em Londres, Paris, Estocolmo, Espanha e outros e acesso a tecnologia de ponta não deve ter faltado.

e eu me flagro comentando cotidiano. que merda...

Pedro Meyer | 2:39 AM


segunda-feira, fevereiro 03, 2003  



TRÊS PATETAS O CARALHO !!! MEU NOME É QUATRO BATUTAS Ô PORRA !!!

Três pérolas (das inúmeras) que me chamaram a atenção no Animal Crackers (1931), todas protagonizadas pelo Sr. Groucho:

Pérola 1: da austeridade

O prof. Spoulding (Groucho) pergunta ao Sr. Chandler sua opinião sobre artes. Muito interessado na pergunta o Sr. C deixa clara sua empolgação no princípio da resposta quando é interrompido pelo Sr. S:

"I withdraw the question! This fellow takes things seriously, it isn't safe to ask him a simple question"

Pérola 2: do menoscabo

Acontece no mesmo diálogo, depois do Cap. Spoulding discursar sobre os benefícios que um nickel de 7 cents traria para a economia norte-americana. Ao terminar:

Sr. C: " I think that is a wonderful idea !!!"
Sr. S: "You do, huh?"
Sr. C: "Yes !!!"
Sr. S: "Then there can't be much to it. Forget about it."

Pérola 3: do calembur

"One morning, I shot an elephant in my pajamas. How he got in my pajamas I don't know. Then we tried to remove the tusks...but they were embedded in so firmly that we couldn't budge them. Of course, in Alabama, the Tusk-a-loosa. But, uh, that's entirely ir-elephant to what I was talking about. We took some pictures of the native girls, but they weren't developed, but we're going back again in a couple of weeks."




Pedro Meyer | 2:46 AM


domingo, fevereiro 02, 2003  

no começo de algum filme do Woody Allen, mais antigo, ele lembra que está ficando careca. Diz que será um careca viril, e não um grisalho charmoso. Eu estou tomando o mesmo caminho, e não consigo saber o quão viril eu poderia ser sem os tais cachos. Nem sei se com eles poderia ser, muito menos sem.

Como todos sabem, sempre tive problemas com meu cabelo - do pente à interpretação. Comecei a pintá-los em 1992, e passei muitos anos fudendo-o de tantas maneiras. Tintas e produtos e dreads e etc. Quem mandou ser um hardcorianozinho. Eu parei há muito mas mesmo assim os cabelos não pararam de deslizar pelas minhas mãos e pelas curvas da pia e pelo ralo. Parei mas no banho eles não pararam de escorregar da minha cabeça pelo meu corpo, alguns estagnados esperando a força da toalha.

Filisterina, Rogaine, Loção do Vicentinho, até minancora recomendam. Eu sei que só um funciona, e que o provável assumir a condição poderia custar-me mais cachos por dia. Com o risco também de dimunuição do libido. Imagine o risco psicológico ! O careca viril tem que se deixar levar e, se não quer careca, não deve querer viril. E minha barba que nunca cresceu voraz anuncia o dia em que a testura da minha testa se espalhará por grande extensão. As orelhas e o nariz e tudo mais que se foda. Queimar o escalpo no sol e exibí-lo com orgulho bronzeadinho e liso como a face de uma criança é uma péssima idéia. péssima.

Pedro Meyer | 11:37 AM
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